sábado, 6 de setembro de 2025

Aconteceu em Lisboa

Dezasseis vidas foram ceifadas, de forma completamente abrupta, violenta e inqualificável, na cidade de Lisboa.

Trabalhadores, turistas, moradores e outros utilizadores habituais do velhinho elevador da Glória, morreram, ou ficaram gravemente feridos, pelo regresso do trabalho, pelo passeio, pela festa, pela visita à cidade das sete colinas e morreram, também, pela inércia, pelo desajuste, pela incompetência e pela leviandade.

Pode o presidente do município vestir – se de preto, chorar os mortos, lamentar os feridos, colocar ramos de flores no início da calçada da morte, mandar dizer missas e fazer discursos sem nexo lamentando um acidente que só aconteceu por incompetência dos respectivos serviços de manutenção, que não consegue apagar a realidade, a frustração, a dor e, o que é mais grave, não tem argumentos que sirvam para explicar a morte.

Ou seja: o elevador descarrilou, desgovernou – se e bateu contra um prédio, por falta de qualificação técnica na manutenção, por falta de qualidade dos serviços responsáveis, pela incompetência de quem decide e porque há quem continue a dizer que o baratinho dá jeito, para preservar, ou aumentar, o lucro.

Dizem que os elementos necessários já foram recolhidos para que seja possível apurar responsabilidades num curto espaço de tempo e esclarecer o que se passou.

No entanto, quando se diz publicamente que o elevador foi inspecionado “a olho nu” no próprio dia do acidente, durante cerca de 30 minutos e que estava tudo bem, e quando, no mesmo dia, horas depois, se dá um acidente terrível, porque o cabo de segurança que une os dois elétricos, rebentou; e quando também se reconhece que o contrato de manutenção técnica terminou a 31 de Agosto, mas que mesmo assim foi feita uma inspeção a “olho nu”, por ajuste directo, para mim o acidente está explicado.

Agora, e de acordo com as atitudes do presidente do município, vamos chorar os mortos, cuidar dos feridos e inspecionar todos os elevadores da cidade que foram, de imediato, bloqueados.

Porquê?

Será que a manutenção também não chegou aos outros com a qualidade e as garantias que devia dar?

Texto escrito na 6ª feira, dia 05.

2 comentários:

  1. Não tenho conhecimentos absolutamente nenhuns sobre os serviços de manutenção do elevador. Não posso, nem gosto, de apontar o dedo a ninguém, por enquanto.
    Sei apenas que foi uma grande tragédia. Um comentário que li de uma senhora foi que há anos o limite de passageiros era de 20 e que agora permitiam 40. Não faço a mínima ideia se este comentário é ou não verdadeiro. Palpites e conjeturas não faltam por essa blogosfera fora.

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    1. O texto aponta para uma série de situações que não merecem dúvida. Tudo o que nele se aponta é verdade.
      Compreendo que a Catarina, por falta de conhecimento, não comente.
      As conjeturas, essas ficam para segundo plano.

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